COLUNA WIL STYLE #35 – JORNAL TRIBUNA INDEPENDENTE
Nossa coluna abre espaço para uma pauta de cultura. Fizemos um especial com o fotógrafo radicado em Alagoas, Roger Silva, que está em turnê de lançamento do fotolivro Banzo.
1. SOBRE O AUTOR
Historiador, professor de História e fotógrafo por amor e prazer de registrar fragmentos da vida cotidiana, Roger Silva, hoje aos 42 anos, começou a aflorar seu encanto pela fotografia ainda na infância, quando aos 12 anos visitou uma loja de revelação no Centro de Maceió acompanhado de seu pai. A fotografia de Roger Silva carrega consigo um olhar para as minorias, as imagens que ele produz são reflexos do seu interior e das suas vivências. Natural de Barreiros, município de Pernambuco, mas radicado em Alagoas desde os 15 anos, o fotógrafo tem em seu currículo o destaque na edição brasileira do renomado jornal espanhol “EL PAÍS”, com a série de autorretratos Banzo.
2. SOBRE O FOTOLIVRO
“Banzo é um manifesto imagético sobre nossas dores e lutas por sobrevivência”, pontua o autor. O nome do trabalho, Banzo, significa “afetado por tristeza; que revela abatimento”. “É uma expressão usada pelos africanos escravizados no Brasil, que diziam estar banzos quando tinham tristeza ou saudades da sua terra”, explica Silva. Seu atual trabalho, o fotolivro Banzo foi desenvolvido ao longo de um ano, é o desdobramento da série de autorretratos.
3. SOBRE A IMPORTÂNCIA DA OBRA
No mês da Consciência Negra não podemos esquecer dos quilombolas, dos quilombos que resistiram e resistem até hoje. Não é sobre beleza, é sobre luta e liberdade! Viva zumbi, Dandara, Alquatune, Mariguella e outros milhares que lutaram por liberdade em um Brasil alicerçado na égide da escravidão do corpo negro. Vamos levantar a guarda, somos filhos de heróis e heroínas. Estamos hoje podendo falar sobre isso, porque nosso povo continua a resistir. Banzo é sobre isso também.
4. COMO COMPRAR
O fotolivro Banzo estará disponível para venda no evento por R$ 59,90 e pode ser adquirido em todos os cartões de crédito, em espécie ou via PIX através do Instagram do autor @rogersilvafotos ou pelo WhatsApp: 82 99981.9158.
Fotógrafo Roger Silva ganha concurso promovido pelo “EL PAÍS”
A série de autorretratos Banzo, produzida na periferia de Maceió, ocupou o primeiro lugar da microbolsa “EL PAÍS” e Artisan. As fotos falam sobre as dores e angústias da população negra em tempos de isolamento social
Historiador, professor de História e fotógrafo por amor e prazer de registrar fragmentos da vida cotidiana, Roger Silva, hoje aos 40 anos, começou a aflorar. Seu encanto pela fotografia surgiu ainda na infância, quando aos 12 anos visitou uma loja de revelação no Centro de Maceió acompanhado de seu pai, que trabalhava como padeiro na cidade. A fotografia de Roger Silva carrega consigo um olhar para as minorias, as imagens que ele produz são reflexos do seu interior e das suas vivências.
Natural de Barreiros, município de Pernambuco, mas radicado em Alagoas desde os 15 anos, atualmente residindo no Eustáquio Gomes, o fotógrafo foi destaque na edição brasileira do renomado jornal espanhol “EL PAÍS” no último domingo (23/08), eleito como vencedor da microbolsa de fotojornalismo “A Covid-19 nas Periferias do Brasil”, oferecida pelo veículo em parceria com a editora de livros de fotografia Artisan Raw Books, apoiado pelo Favela em Pauta.
O concurso era destinado a fotógrafos independentes com ensaios que retratassem a vida cotidiana da periferia durante a pandemia do novo coronavírus. O trabalho premiado foi a série de autorretratos Banzo, que se sobrepôs aos 135 inscritos de todo país, a obra tem como narrativa as dores e angústias da população negra periférica em tempos de isolamento social. A conquista é um marco que dá ênfase ao seu talento e dedicação. Roger começou a trabalhar aos 10 anos, ainda no interior de Pernambuco para ajudar sua família e em 2002 com a morte de seu pai assumiu a função de provedor dos irmãos ao lado de sua mãe.
A fotografia ganhou ainda mais significado e profundidade dos sentidos quando ele ingressou em 2013 no curso de História na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Paralelo as aulas em escolas privadas e trabalhos como adesivador Roger produz seus projetos fotográficos e são com eles que se realiza. O cenário pandêmico rendeu três séries: Casulo, Metamorfose e Banzo, sendo o último responsável pelo prêmio: “Banzo é um manifesto imagético sobre nossas dores e lutas por sobrevivência”, pontua. O nome do trabalho, Banzo, significa “afetado por tristeza; que revela abatimento”. “É uma expressão usada pelos africanos escravizados no Brasil, que diziam estar banzos quando tinham tristeza ou saudades da sua terra”, explica o autor.
As máscaras usadas no ensaio, segundo Silva, são alegorias dos medos, angustias e dores da população negra que vive nas áreas mais carentes durante a pandemia. “Estamos isolados na quarentena, mas isso também é uma questão histórica. Somos banzos desde muito tempo. A pandemia só aprofundou isso”, reforça. Roger Silva tem como traço da sua fotografia o preto e branco, mas suas imagens vão além da ausência de cores, cada click reflete sobre a realidade que ultrapassa a forma.
Serviço:
O portfólio do artista, seus projetos e ações estão disponíveis em seu Instagram @rogersilvafotos. Na rede social também estão os contatos para agendamentos de ensaios e compras das fotografias.
Link da públicação no EL PAÍS.
CONHEÇA “ÂMAGO” UM PROJETO QUE ME ENTREGUEI DE FORMA ÚNICA E ESPECIAL
#ÂMAGO 1 | Os dias de isolamento social tem permitindo ressignificar muitas coisas, nesse contexto surgem novas ideias e possibilidades. Na série ÂMAGO vocês vão me ver despido das produções, das trends, dos truques de styling… ÂMAGO por anatomia significa carne, por extensão a parte que fica no centro e no sentido figurado refere-se ao mais íntimo e profundo, o que é fundamental, a verdadeira essência, a alma, o imo… E em uma simbiose de textos e fotos quero compartilhar com vocês ideias, vivências e insights. Essa série, com registros plurais, assinados por @rogersilvafotos mostra Wilson Smith para além das roupas, de forma crua e verdadeira. As fotos tem uma intensidade surreal, o ensaio me fez olhar para minha essência, e não é nada fácil, é um exercício desafiador, mas necessário de se tentar. Nos conhecendo intimamente seremos mais fortes e capazes de derrotar o que não nos permite engrandecer. Vamos mergulhar juntos nessa experiência? Já olhou para o seu ÂMAGO hoje?
#ÂMAGO 2 | Nesse momento de isolamento social a frenesi da vida deu um freio brusco. Oportunidades se foram, metas e desejos estão em stand-by, prioridades mudaram de posição completamente… Um turbilhão de coisas pairam no ar. Dores, angústias e medos são latentes… Tudo veio à tona e da forma mais plural possível, não tem como abstrair dos fatos. A maquiagem das relações líquidas borrou, não se pode ocultar mais nada. No fim, só temos a nós mesmos. Esse cenário é um verdadeiro enfrentamento pessoal. Uma oportunidade para conviver com a própria essência enquanto há tempo. E quem sabe não seja o gatilho para uma reconciliação com a própria alma. Percebi – isolado – o ensejo de viver o amor que envolve o meu ÂMAGO! Foto: @rogersilvafotos
#ÂMAGO 3 | Sabe aquele nó na garganta, aquela dor latente que atinge o ÂMAGO? Bem que ela poderia pairar no ar como um grito e ecoar pelos caminhos da vida em forma de liberdade. Se a dor fosse só a carne das mãos que ao esfregar em uma superfície bruta pudesse ser sentida fisicamente, para doer na pele, doer visível, doer com lágrimas… Ah se ao menos esta dor sangrasse… Foto: @rogersilvafotos
#ÂMAGO 4 | Depois de tantas inquietações, tantos encontros, tantos desencontros, o desejo mais efervescente do meu ÂMAGO é me sentir confortável, no grau mais elevado que puder, estando na minha própria pele. É me sentir sereno, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria que fossem inacessíveis, existem tristezas que não cicatrizaram, lembranças dolorosas que eu ainda não soube transformar, mas nada como o tempo para mostrar novas perspectivas… Foto: @rogersilvafotos
#ÂMAGO 5 | Meu ÂMAGO é pura confusão, e confusão que envolve tantas coisas… São lembranças, situações, desejos… Tentei por muito tempo buscar rotas de fuga na escuridão. Passei tanto tempo nesses caminhos escuros que percebi uma sensação de liberdade no apagar das luzes. Afinal, no escuro posso me despedir das posturas exigidas pela sociedade, do visual impecável para ser aceito pela turma cool, dos sorrisos que nem quero dar… A escuridão, outrora tão temida por mim, pode ser luz também. Foto: @rogersilvafotos
#ÂMAGO 6 | Meus cabelos crescerem! Quantas sensações tenho ao vê-los. No começo essa iniciativa era apenas uma questão estética, queria uma nova versão minha. Mas, com o passar dos dias fui percebendo tantas coisas atreladas aos meus cabelos negros. E definitivamente é uma atitude carregada de força e significado, me coloquei frente ao encontro com a minha ancestralidade, minhas origens, senti os olhares turvos da sociedade na pele e nos fios (Dentro de casa inclusive!). E isso dói muito. Mas, já que estamos falando de temáticas que tocam o ÂMAGO, esse abordagem não podia ficar de fora. Tenho aprendido a cada dia e desconstruindo muitas coisas, tem sido uma experiência enriquecedora e linda. A beleza negra sempre foi massacrada e negada, e estruturalmente isso ainda é muito latente. A cada dia meus fios crescem e eu aprendo algo novo. Definitivamente não é só estética, não é só moda, meu cabelo faz parte da minha natureza, ele não é um estilo. E que maravilha foi me permitir viver isso. Meus cabelos hoje são minha coroa, minha auréola negra, majestosa, ondeada, densa e perfumada! Foto: @rogersilvafotos
#ÂMAGO 7 | Esse processo de isolamento tem sido muito intenso e feroz, a constância dos dias de reclusão grita que nada externo ao ÂMAGO é necessário. Por isso, quero tentar novas perspectivas enquanto há tempo, quero me despir do que oculta a minha essência… Me despir dos vícios, das amarras, das vaidades, dos sentimentos que atrofiam meu coração… Quero novas vestes, para moldar essa versão pandêmica tão inesperada. E que esse truque de styling na alma tenham peças chave como um novo tempo de paz, de dedicação, de fé, de esperança e transformação. Quero crescer, evoluir com a dor, me despir das fantasias e me vestir de realidade para transcender ao espelho! Foto: @rogersilvafotos
#ÂMAGO 8 | Temos que encontrar segurança e acolhimento dentro do nosso ÂMAGO. Durante o curto espaço de tempo da nossa vida precisamos ter uma relação íntima e intensa com nós mesmos. Sentir na pele e na alma nossa verdadeira essência, se descobrir, explorar nossas lacunas mais profundas, fazer o que nos traz acalento, e sobretudo se cuidar. O mundo passa por um momento onde esse autocuidado físico e mental é extremamente essencial. Precisamos verdadeiramente fazer o que for necessário e estiver ao nosso alcance. E aos poucos, somente aos poucos é que as coisas vão acontecendo, – vão se moldando -, aos poucos vamos aprendendo a viver mesmo nesse cenário desesperador. E aos poucos vamos nos tornando mais fortes. Foto: @rogersilvafotos
#ÂMAGO 9 | Hoje chega ao fim a série ÂMAGO, foram postagens que mostraram um Wil diferente do convencional. Em uma perspectiva mais íntima e densa. Os looks e truques de styling saíram de cena e mergulhei em mim, no meu ÂMAGO, um diário virtual nada convencional na quarentena, aqui escrevi o que venho sentindo nesse cenário pandêmico. Medos, dores, incertezas, angústias… E também falei sobre esperança e autoconhecimento… Um turbilhão de emoções e sentimentos. Gratidão por cada curtida, comentários e feedbacks no direct. Foi uma experiência linda e de muito crescimento. Deixo registrado também minha gratidão ao @rogersilvafotos que usou da sua sensibilidade para eternizar em imagens poéticas essa minha versão não polida. Nascemos pedras brutas e a vida com todos os seus caminhos irregulares nos proporciona um processo constante de lapidação. Estamos em um trecho turbulento da nossa caminhada, mas vamos continuar sempre acreditando e evoluindo com os aprendizados que emanam do nosso ÂMAGO!