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MODA NÃO-BINÁRIA: SE DESPINDO DE CONCEITOS ANTIGOS!

24 de outubro de 2021 | Por: Wilson Smith

O ator, cantor e cineasta norte-americano Billy Porter virou um dos assuntos mais comentados dos últimos dias devido à uma entrevista publicada pelo Sunday Times onde criticou a escolha de Harry Styles como o primeiro homem a usar um vestido na capa da icônica Vogue americana. A fala de Billy carrega consigo um verdadeiro grito político sobre a temática da moda não-binária, onde elementos tidos como masculino e feminino dialogam na mesma composição, transcendendo as regras de como cada pessoa deve se vestir.

O descontentamento de Billy se deve ao fato de não ter sido reconhecido como a pessoa que iniciou o movimento. Por ser um forte representante não só da cultura negra, mas também dos direitos LGBTQIA+ e tudo que é ligado as pautas de liberdade de gênero, ocupar essa posição vai além da moda, vem de uma trajetória de luta e conquistas por ser negro e gay em Hollywood. “Isso é política para mim. Esta é minha vida. Tive de lutar minha vida inteira para chegar ao lugar onde pudesse usar um vestido para o Oscar e não ser morto”, afirmou o ator. “Sinto que a indústria da moda me aceitou porque foi obrigada”, continuou. “Não estou necessariamente convencido e aqui está o porquê: eu criei a conversa (sobre moda não-binária) e ainda assim a Vogue ainda colocou Harry Styles, um homem branco heterossexual, em um vestido em sua capa pela primeira vez”, explicou.

Não é nem um demérito ao trabalho do Harry, a questão se volta para a relevância da ocupação desse espaço para um nome com vivências e representatividade. Pois, é incontestável a expressividade, trajetória e legado que Billy tem sobre a temática, uma vez que é frequentemente visto em premiações usando peças femininas e masculinas em conjunto, além de levantar a discussão da moda não-binária também em seu trabalho. No filme Cindelella, lançado este ano e estrelado por Camila Cabello, Billy interpreta a fada madrinha FabG, uma personagem não-binária.

O ator é, também, um símbolo de coragem, especialmente para a comunidade LGBTQ+. Em maio de 2021, revelou ser HIV positivo desde 2007, mantinha o segredo com medo de ser marginalizado, ainda segundo o Splash UOL. Em 2020, Billy também dividiu outros detalhes de sua vida antes de estrelar a série Pose, como o assédio que sofreu por parte do padrasto entre sete e doze anos, além de ter se revelado gay no meio da crise da AIDS: “Não houve um momento que eu não vivesse em trauma”, disse. Aqui deixamos todo nosso apoio ao Billy e a tudo que ele representa.

Trazendo um recorte histórico para a questão do binarismo de gênero na moda, essa temática foi selada no período industrial. Quando homens começaram a usar ternos e as mulheres vestidos. Essas diferenças nas roupas vieram para simbolizar o que era tido como masculino e feminino, nesse cenário inúmeros marcos atravessaram esse movimento, a frase célebre de Jean Paul Gaultier: “Eu não acredito que tecidos tenham gênero”, a linha de pensamento é uma excelente maneira incitar o desprendimento das relações da roupa com o gênero.

Que sejamos a desconstrução e mudança!

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